quinta-feira, 13 de setembro de 2007

SONETO DO AMOR DEMAIS


Não, já não amo mais os passarinhos

A quem triste, contei tanto segredo

Nem amo as flores despertadas cedo

Pelo vento orvalhado dos caminhos.
Não amo mais as sombras do arvoredo

Em seu suave entardecer de ninhos

Nem amo receber outros carinhos

E até de amar a vida tenho medo.
Tenho medo de amar o que de cada

Coisa que der resulte empobrecida

A paixão do que se der à coisa amada
E que não sofra por desmerecida

Aquela que me deu tudo a vida

E que de mim só quer amor - mais nada.
(Vinícius de Moraes)