segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Retrato de Mãe


Uma simples mulher existe que,
pela imensidão do seu amor,tem um pouco de Deus,

e pela constância de sua dedicaçãotem um pouco de anjo;que,

sendo moça, pensa como uma anciãe, sendo velha,

age com todas as forças da juventude

quando ignorante,melhor que qualquer sábio

desvenda os segredos da natureza,e, quando sábia,

assume a simplicidade das crianças.
Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dosque ama e,

rica, empobrecer-se para que seucoração não sangre,

ferido pelos ingratos forte, entretanto, estremece

ao choro dumacriancinha, e fraca,

não se alteracom a bravura dos leões.
Viva, não sabemos lhe dar o valor

porque à sua sombra todas as dores se apagam.
Morta, tudo o que somos e tudo que temos
daríamos para vê-la de novo,

e receber um aperto de seus braçose
uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher,

se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum:

-porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crecerem seus filhos,leiam para eles esta página.

Eles lhe cobrirão de beijos a fronte,

e dirão que um pobre viandante,

em troca de suntuosa hospedagem recebida,

aqui deixou para todos o retrato de sua própria

MÃE.