domingo, 28 de outubro de 2007

DESCONHEÇO


Algemem-me

quando eu pedir liberdade,

Confundam-me

quando certeza eu tiver,

Não ouçam os gemidos de sonhos deflorados

Pelo desejo que é uma lâmina de espada

Pendente sobre a minha pobre cabeça.

Não sequem as lágrimas dos meus olhos,

Ao ouvir diáfano cântico na janela

Pleno de sentimento louco e santo,

Que sai das muitas bocas marmóreas

Das estátuas da minha imaginação.

Deixem-me, vendada, caminhar na estrada,

Pisar os pregos da dor e da desilusão.

Apaguem a luz das noites iluminadas,

E o fogo da acolhedora lareira.

Cruzem floretes com som metálico

Ferindo nuvens que correm no céu.

Escalem intransponíveis muralhas,

Edifiquem castelos de infelicidade,

Façam do meu coração uma herdade,

Construam indevassável prisão

Para encarcerar meu corpo e minha alma

No escuro de gélida masmorra,

Mas não tirem do meu âmago

A semente de amor que brotará um dia.