quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Maria Hilda de J. Alão.


A CARTA SOBRE A CAMA

Sinto perfumes tentadores.

No ambiente não há flores.

De onde vêm esses odores?
De violetas multicores

Ou dos sentidos clamores

Das preces dos sofredores
Percorrendo os azulores

De límpidos céus interiores

Depois de dissipadas as dores?
Ou saem de femininos toucadores,

Dos frascos que os trovadores

Presenteavam seus amores?
Serão, por acaso, portadores

De mensagem dos orientadores

Vinda das esferas superiores?
Após muito indagar, tercetizar,

Percebi que os perfumes

Não vinham do céu nem do mar,

Tampouco das flores dos cumes
Das montanhas da saudade,

Mas da carta sobre a cama

Entregue ao cair da tarde,

Pelo homem que me ama.